domingo, 30 de junho de 2013

Semana do Livro Nacional em Fortaleza - Ce

Oi pessoal, hoje trago uma novidade (agora oficial) que é o evento ''Semana do Livro Nacional'' que acontecerá em várias capitais e cidades e em Fortaleza no dia 24 de Julho. Na programação vamos ter uma palestra sobre Literatura Nacional, Mesa Redonda com autores para discussões sobre vários temas (temas a combinar) e o lançamento do livro de uma parceira do blog que reside aqui em Fortaleza: Kelly Cortez com seu livro ''O Farol do Porto da Paz'' (resenha aqui), o horário, a divisão e o local do evento você confere no banner abaixo: 



Não perca esse evento super bacana! Você é blogueiro e quer participar? Entre em contato comigo pelo meu Facebook! Te esperamos lá! 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Resenha: O Maníaco do Circo - Leonardo Barros


Sinopse: ''O Maníaco do Circo” aborda o tema da psicopatia, da fobia, e conta a história de Renato, uma criança com personalidade psicopata que, através de sonhos e alucinações, constrói um mundo mítico onde os palhaços são manifestações materiais de um demônio. O garotinho cresceu e se tornou um homicida missionário. Sua missão: tentar purificar as almas possuídas por esse demônio, ou livrar o mundo de sua ameaça. O leitor vai acompanhar a gênese da loucura, a espontaneidade da primeira execução e a necessidade que o psicopata tem de dar continuidade a uma sina mórbida, tão necessária para ele quanto o próprio ar. Até que a história se complica com o aparecimento de um criminoso, apelidado de “Maníaco do Circo”, que assola a cidade, deixando todos perplexos com a sua crueldade. Quem é o Maníaco do Circo? Quem se esconde por trás da maquiagem de palhaço? Esse mistério, somente você poderá desvendar!

Quando nossos medos apoderam-se de nossa consciência, é que o verdadeiro medo aparece: o medo de perder a sanidade.  




Algumas estórias e acontecimentos nos são apresentados logo no início do livro. Um garoto com pavor a palhaços com uma mãe grosseira, uma menina sendo perseguida em um matagal abandonado, uma criança sendo sequestrada por palhaços na sua festa de aniversário... O que elas tem em comum? O medo. Medo de perder entes queridos, medo de pessoas que escondem a cara por trás de tintas, medo de objetos que ganham vida, medo do futuro.

Renato teve uma infância bastante incomum. Além de tentar agradar uma mãe alcoólatra e insatisfeita, enfrentar uma doença respiratória e sentir pela falta de um pai, o garoto é alvo de alucinações causadas por um descuido da mãe ao lhe medicar e o medo do escuro, medo de palhaços e o medo do medo começa a ficar mais agravado para a criança. As alucinações lhe concebem uma missão: acabar com o vermelho maligno presente na terra. Afinal, palhaços são demônios disfarçados, certo? Era isso que Renato pensava.

''Sentiu que nem mesmo ele tinha certeza de seus pensamentos. Imaginação infantil? Talvez fosse. Na realidade plena dos sonhos, viu a imaterialidade de suas experiências com seres míticos que povoaram a mente do menino e assombravam a alma do homem.'' Pág. 159 

Ele cresce e se torna uma pessoa perturbada, depois de presenciar várias cenas de sua mãe vender o corpo, seja por dinheiro ou apenas prazer. As cenas que antes pareciam sem nexo e sem ligação ganham com o tempo uma ligação de maneira bastante inteligente. Tudo isso ligado a uma dose de erotismo e sexo que estão sempre presentes nos romances do autor. Você é conectado à mente de Renato e sente sua loucura.

''Às quatro horas da manhã, ainda não tinha conseguido dormir. Andava de um lado para outro da sala de estar, pensando e repensando seus métodos, procurando brechas que pudessem permitir sua captura. Percebeu que a esganadura o agradava mais do que qualquer outra modalidade homicida.'' Pág. 170

O romance policial ganha suas características de base quando as mortes começam a acontecer provindas de um psicopata que finge ser um palhaço e é chamado de ''O Maníaco do Circo'' e a polícia parece não ter nem pistas sobre o assassino, deixando todos os moradores apavorados. É uma trama muito bem construída, e é obvio que rola um suspense nas cenas, deixando-nos despreparados para um final surpreendente!

O ponto alto do livro é com certeza o modo como Leonardo explora a mente de um psicopata que foi perturbado por acontecimentos ainda na infância levantando a questão que sempre é discutida quando o assunto vem a tona: o psicopata nasce psicopata ou tudo tem como origem na construção da personalidade que o ambiente e as pessoas ao redor do individuo acabam proporcionando?
E quanto a edição? O livro foi publicado de forma independente e o processo de publicação foi acompanhado bem de perto pelo autor. Tem um tom sombrio, com folhas pretas e desenhos muito representativos para alguns momentos no livro, feitos pelo próprio autor. A capa mostra um palhaço como geralmente é visto pelas pessoas, enquanto a parte detrás mostra um ''palhaço demoníaco'' como é visto por Renato.


Um livro muito bom para quem curte um suspense policial com um apelo psicológico e algumas cenas hot. Recomendado! 4 estrelas.

Para contatar o autor envie um e-mail para leobarrosescritor@gmail.com, siga-o no Twitter: @LeoEscritor ou adicione-o no Facebook: facebook.com/leobarrosescritor.

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na versão digítal (Kindle) pela Amazon.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Resenha: Eu, meu pai e meus outros amores - Lilian Reis


Sinopse: Há coisas na vida que acontecem e a pessoa se revolta, fica com raiva de tudo e de todos, contudo, Jade teve que aprender da maneira mais dura, que o mundinho no qual ela vivia era fútil, uma imensa bola cheia de nada. Para Jade, tudo que importava era sua mãe, padrasto e amiga. O pai era um sonho inalcançável, uma figura por quem Jade nutria “sentimentos incompreensíveis”. Ela acreditava que aquela vida de badalações, academia de dança, luais, e festas eram tudo de bom, e para o qual valia a pena viver. O resto era descartável. Entretanto, Jade fora inserida “contra sua vontade”, em outro mundo. Um lugar completamente sem valor para ela. As pessoas pouco lhe interessavam e tampouco ela acreditava que eles se interessassem por ela. Para ela, uma garota da cidade grande, o que importava eram as coisas que ela podia fazer e a maneira como se divertia, e amava apenas essas pessoas que eram seu ”tudo”... Uma história cheia de emoções, conflitos, dúvidas e descobertas, que tem um enredo gostoso, uma linguagem jovem e engraçada. Prepare-se para conhecer o outro lado do mundo de Jade. Uma adolescente quase adulta, que se mostrou rebelde e marrenta. Será que Jade aprenderá com seus erros a ser uma pessoa melhor? O livro aborda vários temas importantes, dentre eles a primeira transa, a amizade, e os sentimentos de um modo geral. Contudo, a abordagem principal é o amor de Jade por seu pai. Um homem do interior, que conviveu com sua filha apenas nos primeiros anos de vida, mas que a marcou muito. Para ela, o pai foi seu herói, aquele que a acudia dos pesadelos e dos seus medos. Todavia, a imagem deixada por ele apagou-se pelo fato de ele não ser um pai presente. A vida de Jade deu outra guinada após uma tragédia, que a obrigou a viver outra realidade...
Já conseguiu descobrir o amor a sua volta? 

Tudo parecia estar finalmente perfeito para Jade: apesar do distanciamento do pai, sua mãe e seu padastro supriam a carência da melhor maneira possível e Jade já começava a sentir uma raiva muito grande por Bernardo ter trocado ela e sua mãe por outra família.

É em um domingo que o que Jade pensava estar perfeito acaba. Ao voltar de um casamento, Jade, sua mãe e seu padastro sofrem um acidente de carro e Jade entra em coma por 28 dias. Quando acorda, ela visualiza aqueles olhos que estiveram tão ausentes durante praticamente toda a sua vida, os olhos que ela aprendera a odiar, os olhos que desde sempre ela nunca conseguiu esquecer e deixar de sentir falta. Os olhos de seu pai. É nesse momento que a garota descobre que foi a única sobrevivente do acidente e que agora só pode contar com o único vínculo familiar que lhe restou.

Sua vida muda radicalmente em vários aspectos. Como é menor de idade, ela vai ter que ir morar com o pai em sua fazenda e ter que se acostumar com o jeito mineiro de ser, coisa que a carioca vai estranhar muito no começo. Terá também de se acostumar com a família de seu pai: sua esposa e seus dois filhos: Fred e Duke.

Bernardo não tem muito tempo para a família pois tem que administrar muitas coisas no trabalho e o relacionamento com a filha (mesmo que morando na mesma casa) ainda é distante. Isolda é carinhosa, atenciosa, e apesar de que nunca irá conseguir substituir o lugar da mãe de Jade, faz tudo para a garota se sentir feliz e acolhida. Duke é o irmão que Jade pediu aos deuses: brincalhão, sabe escutar, cuida como se Jade fosse realmente sua irmã e acaba se tornando um confidente. E por fim, temos Fred: de poucas palavras, mas Jade já percebe ser uma pessoa arrogante. Com um olhar que penetra na mente de Jade e a faz estremecer.

Vemos toda a questão da adaptação (ou não) de Jade na sua nova casa e vemos também a tentativa de reaproximação do pai, que mesmo que lenta e disfarçada, percebemos que é verdadeira. Como o título opina, Jade vai descobrir que nem tudo é ruim na fazenda e que ela pode sim encontrar o amor por lá. Gostei muito da narrativa. Lilian Reis escreve de uma forma em que os sentimentos das personagens se tornam bem verdadeiros e você sente a alegria e/ou a tristeza emanar das páginas. Outro ponto forte é a construção de personagens humanos: cheios de erros, cheios de arrependimento, mas sempre com uma mensagem de amor e perdão a passar.

''Ser normal. Minha mãe sempre falava que ser normal era ser normal.
- Como assim? - perguntava rindo.
- Chorar, sorrir, sofrer, se divertir, amar, ganhar, perder, se encontrar, descobrir coisas novas, descobrir que erramos às vezes. Reconhecer os próprios erros e tentar acertar. Ser normal é ser humano!
- Nossa, mãe! Você é sempre tão... normal! - sorrimos as duas com uma panela de brigadeiro, comendo de colher.
- Todos nós somos, embora existam aqueles que queiram ser diferentes, e esses sofrem porque não se adaptam à normalidade, se acham melhor do que os outros, são extremamente arrogantes e não aceitam seus erros. Continuam assim até que um dia possam aprender; se é que aprendem. Alguns morrem tentando.'' Pág. 231/232


É uma leitura muito válida e recomendada! 4 estrelas

Playlist: My Immortal - Evanescence, Bon Jovi - Maybe SomedayWhitin Temptation, Jota Quest, Paula Fernandes.
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Compre: Livraria Saraiva 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Resenha: Presas - Marco de Moraes


Sinopse: A vida de um homem tem um novo início a partir da abertura dos seus olhos em plena cegueira que perdura por longos caminhos em que sua visão nada alcançava além de obviedades presas por suas limitações ante o desespero da perda de tudo: de tempo, de lugar, de nome. A luta do personagem, narrador deste livro, se dará pelo decorrer da sua busca pelo que emerge em pedaços de recordações, mistura de pesadelos e a sua realidade enfadonha, carregada de fardos que parecem não ter fim. Os dias de luz se foram; os filhos da noite se manifestaram e dominaram todos os cantos das noites profundas que perduram até a última gota de sangue maldita ser derramada.

''Onde me sentiria mais seguro: na escuridão do mundo no qual mal enxergo ou na escuridão da minha alma?'' - Pág. 11 

Imagina como seria estranho você estar perdido, sem memória e sem nenhuma condição financeira em uma terra onde os maus tratos, o desrespeito, e o egoísmo são coisas comuns? Não daria certo, não é?
É assim que ''Presas'' começa e confesso que achei bastante perturbador só de imaginar a situação.

Esse rapaz (vou chamá-lo assim, pois o protagonista não lembra do próprio nome até certo ponto) acorda em uma espécie de bosque, sujo e com suas roupas ragadas sem nem ao menos saber o que aconteceu. Ele acaba pegando carona para tentar chegar ao que considera civilização com pessoas bastante mal humoradas e não parecendo querer ajudar em nenhum momento.

Ele tem em mente que precisa encontrar o Rei. É então que entra em uma caminhada de tropeços e acontecimentos sombrios juntamente com um mercenário que oferece ajuda em troca de algo valioso. Não sei se a sinopse ou o título entrega alguma coisa, mas eu como leitor gostei de descobrir do que realmente se trata o livro durante a leitura.

Para chegar ao castelo do rei, uma série de obstáculos são apresentados para garantir a segurança dos moradores do castelo. Só vamos destrinchar todos os segredos que rondam a vida do andarilho quando este consegue entrar no castelo.

Durante a narrativa, o personagem principal é acometido de inúmeros pesadelos com descrições perturbadoras (acho que estou usando demais essa palavra, rs), e o autor consegue nos passar as sensações com uma escrita bastante poética.

''Gritar não adiantava. A cada grito meu o tempo escurecia mais, o gramado se mexia mais, as nuvens se irritavam mais e os cortes luminosos no céu eram lâminas, trovões rápidos tais quais se poderia imaginar.'' Pag. 100

Vou confessar que foi difícil me acostumar com a narrativa no começo. Mas com o tempo, vão acontecendo várias coisas na estória, e eu mal senti as páginas passarem, chegando no final rapidinho, e tenho que contar: que final surpreendente! Sério, eu imaginei várias coisas sobre o que o autor iria fazer para finalizar, mas como acabou foi uma coisa que eu não previa e me surpreendi bastante! O final é com certeza o ponto alto do livro. É um livro com um tom sombrio, de mistério e não pegue ele esperando encontrar algo romântico. O clima do livro é bastante diferente do que eu estou acostumado a ler, mas me fez bem sair um pouco da zona de conforto. Experimentem a leitura! Vale a pena! 3 estrelas.

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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Resenha: Memórias Fictícias - Carina Corá

Capa Livro

Sinopse: Quatro diários. Três seres. Uma busca em comum: chegar à superfície da realidade. Uma torre, um lago de cristal, olhos de universo presentes em tempos diversos, em vidas cruzadas e em memórias fictícias. Um mundo imaginário perdido no limbo de uma casa que abrigara relações misteriosas de uma família. Até que ponto suas memórias são verdadeiras? Através dos relatos de Coralina de Lilá, Bianca Giacomina e Érus atravessamos o fino limiar entre realidade e ficção.

Sanidade e loucura separadas por um fino véu de magia.  

''Eu preciso do real, preciso voltar a superfície de mim mesma. Quanto mais fundo eu mergulho, mais perco a noção de onde é o chão e de onde é o céu. Estou sem rumo, não sei a direção do que procuro, e nem ao menos sei mais quem estou a buscar.'' Pág. 11

Em busca de um futuro melhor e de voltar a ter laços familiares, Coralina de Lilá e sua mãe são convidadas a morar na casa de Bianca Giacomina, uma freira amiga da família. Coralina está receosa com essa novidade, fugir da sua zona de conforto não era algo que a mente de Coralina estivesse disposta a aceitar. 

Ao chegar no casarão de Bianca, Coralina fica fascinada e temerosa ao mesmo tempo... as paredes rústicas, o cheiro da grama molhada e uma torre bastante peculiar e deslocada em uma casa nada aconchegante. Mas Cora ainda não sabia que mais interessante que o aspecto rústico da casa, são os segredos que ela esconde. 

No momento em que Bianca abre a porta da casa e dá as boas vindas às novas inquilinas e seus olhos se cruzam com os de Coralina, a garota se sente desconfortável e enxerga muitos segredos naquela imensidão azul que são os olhos da Freira. 

A primeira noite não é nada fácil para Cora. Sonhos perturbadores e nada comuns assolam a menina e uma sentença dada por Bianca à Coralina a deixa mais curiosa que receosa: ''Não se aproxime e nem tente descobrir o que há na torre''. 

Coralina não consegue vencer a curiosidade e acaba se dirigindo à torre, descobrindo lá um novo mundo e um rapaz (Érus) de aparência bastante atraente. A partir daí, o leitor luta junto com a personagem para distinguir o que é real e o que é imaginação. Não posso falar muito de Érus sem estragar a surpresa do leitor. É um livro que aborda loucura, mundos paralelos, segredos, depressão, religião, vingança, amor, família e fé. 

''Eu queria ser a tempestade ou um dia de sol. A tempestade elimina toda a sua raiva em poucos instantes, sofre ao extremo, mas depois dá lugar a uma felicidade pura, o sol. Eu era o chuvisco nesse momento - sem graça, sem sentimento, reprimido, vazio, duradouro.'' Pág. 43

Adorei a escrita poética de Carina. O livro é narrado completamente em 1ª pessoa, sendo que é dividido em quatro diários, mostrando os pontos de vista de Coralina, Bianca e Érus. O livro é recheado de segredos, o que instiga o leitor a ler sem parar. Confesso que só larguei o livro quando terminei, por ser fininho (207 págs), deu para ler de uma vez só. É um livro que mexe com o psicológico e a cada capítulo descobertas vão sendo feitas sobre o passado dos personagens e as relações que existem entre eles. Carina tem uma vida toda pela frente e vou ficar torcendo para ela escrever mais livros, com certeza será uma autora que vou acompanhar. Merece 5 estrelas fácil, fácil!  

''Senti o cheiro único de um bosque após a chuva. A tranquilidade que exalava daquela floresta trouxe-me uma felicidade que eu não sentia havia tanto tempo, eu não conseguia recordar o que era sorrir livre e espontaneamente até aquele momento. O som dos galhos sendo quebrados quando eu passava, ou os pequenos seres espiando-me por entre suas tocas fizeram com que eu me sentisse no meu mundo, na minha casa. As árvores altas filtravam a claridade com sua peneira esverdeada.'' pág. 31

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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Resenha: O Farol do Porto da Paz - Kelly Cortez


Sinopse: Toninho e sua família moram diante de um belo cenário litorâneo brasileiro: o Farol de Touros, no Rio Grande do Norte. Diante dele, a família Paiva vive momentos angustiantes e marcantes inesquecíveis para o menino doce e sonhador. Mesmo contra as aspirações do pai, que pertencia à Marinha e desejava o mesmo futuro para o filho Toninho parte do litoral nordestino para ser um grande correspondente internacional. Já formado, Tonny Paiva cobre os primeiros ataques no Iraque como um reconhecido profissional. Ao se deparar com inúmeros acontecimentos em meio à guerra, o audacioso jornalista revê seus conceitos e relembra de sua infância, o que impactará em suas atuais decisões.

Tão imprevisível quanto as ações humanas são as situações que a vida nos faz destrinchar.  

É impossível você ler algo que está presente ou esteve presente no seu cotidiano e não se identificar. Para mim, isso foi fácil pelo cenário nordestino a que Kelly aplica aos personagens e as maneiras de agir que muito difícil eu vejo em outros livros nacionais. 

O livro é dividido em duas partes. A primeira, Kelly nos apresenta a família de Toninho. Conhecemos Roberto (o personagem que mais me deu raiva nos últimos tempos). Roberto é machista e é um típico conservador. Faz da vida da sua família um inferno, não dando amor e atenção que é indispensável para uma boa convivência familiar. Ele trabalha na Marinha do Brasil e a forma de tratamento (sempre respeitar pessoas acima de você, não sair dos ''trilhos'') que ele recebe no trabalho ele traz para casa. Vamos descobrindo que tudo isso é somente uma pose do personagem, que no fundo ele não tem um coração tão duro. 

Roberto é casado com Mônica, uma mulher meiga, doce e ingênua. Sempre colocando o marido e os filhos acima de tudo. É uma mulher simples, que conhece pouco da vida. Casou-se com Roberto para sair de casa e se livrar dos maus tratos que o pai a fazia sofrer. Pobre Mônica, pois Roberto era igual (se não pior) que o pai. 

Temos a irmã mais velha de Toninho: Marta. Marta é gordinha, não é vaidosa e é um pouco mimada. Se ofende facilmente com os insultos na maioria das vezes do seu irmão: Marcos. O garoto é sempre brincalhão e não sabe filtrar as atitudes e o que diz. Roberto teme o futuro do garoto e usa e abusa da violência para tentar fazer com que o garoto entre nos eixos e não se torne um futuro marginal. 

O próximo filho é Toninho. O rapazinho é bastante inteligente. Sempre ganhou destaque no colégio e seu pai já tem um futuro traçado para ele: ser seu sucessor na Marinha. Uma peculiaridade em relação a Toninho que vemos logo no início do livro: ele odeia comemorações de ano novo. O motivo? o garoto nasceu logo após a virada do ano e sua família sempre esquece do aniversário de Toninho, ou por estarem muito entusiasmados com a festa ou por estarem de ressaca da despedida e das boas vindas ao ano. Por fim temos o caçula Alexandre. Sempre colado na barra da saia da mãe. Magrinho e mimado. 

''A felicidade das crianças embaixo da sua varanda era emocionante, e ele não pôde conter as lágrimas. Mas os outros, os adultos, pareciam irracionais com todo aquele alvoroço anualmente repetido, com todas as metas anualmente traçadas.'' Pág. 18.

Vemos e conhecemos toda a luta sofrida que foi a infância de Toninho e de sua família devido aos constantes aborrecimentos do pai. Roberto já tinha traçado um futuro para cada um dos filhos e coitado de quem questionasse. Para ele, Toninho seria seu sucessor na Marinha e até então o menino aceitava, morrendo de medo de ir contra as vontades do pai. A visão do mundo que Toninho tinha muda quando Roberto compra uma televisão para a família. O rapazinho fica fascinado com o novo mundo que descobriu e decide: um dia seria famoso o suficiente para aparecer na televisão. E não era pela Marinha que iria conseguir isso. 

Quando atingem uma idade que os filhos começam a ter um pensamento maduro, eles veem o quanto da vida deixaram de viver por conta das vontades do pai. Essa revolta acabou gerando o aumento da violência doméstica cometida por Roberto. Muita coisa acontece e Toninho decide estudar e fazer vestibular. Eu consideraria isso um spoiler, mas ali na sinopse temos essa revelação... então Toninho decide que ira fazer Jornalismo para o desgosto, desespero e raiva do pai. Acreditem... já falei muito, mas não contei nem metade do enredo. Kelly constrói personagens humanos, palpáveis, errantes... numa estória triste e sofrida. 

Começa então a segunda parte do livro, que diz respeito a Toninho já formado e pronto para avançar e conquistar todos os seus objetivos. É ai que tudo começa. Toninho é mandado para o olho do furacão (ou Iraque em meio à guerra) para narrar a guerra junto com outros jornalistas.

''Eu nunca pensei muito em como vou morrer, é uma coisa da qual procuro me esquivar, sempre achando que será tão mais tarde, que não vale a pena ficar queimando neurônios ou purificando a alma com isso. Pensei nisso nas poucas vezes em que subi aos morros cariocas, onde as balas perdidas fazem vítimas inocentes a cada tiroteio. Mas nem mesmo no meu humilde pesadelo seria em um banco sujo de um carro velho, do outro lado do mundo.'' Pág. 268

A fluência da narrativa é muito boa, apesar de ser uma leitura densa. Acontece muita injustiça no decorrer da trama e você tem que parar um pouco para assimilar. Como já disse, é um livro triste mas transformador e belo. Apesar de ser uma ficção, considero ''O Farol do Porto da Paz'' um livro sobre crescer na vida, e tornar possível uma mudança. Quanto ao título fica mais gostoso de descobrir o verdadeiro significado no decorrer da narrativa. Muitas partes do livro são coisas bem poéticas, visando o bem estar próprio sem ser egoísta. A autora cria também partes engraçadas e bastante representativas no quesito família. A maioria do livro se passa em um cenário paradisíaco. Praia, areia, brisa, clima tropical... um clima rural. Por se passar nos anos 80/90, vemos um Brasil pouco desenvolvido no quesito tecnologia e locomoção. As diferenças sociais, raciais e sexuais eram bem acentuadas e muito bem tratadas no livro. Não sei se consigo exprimir a quantidade de emoções e pensamentos que pude ter no decorrer da leitura. É algo super válido e torno depois da minha leitura uma leitura obrigatória para quem procura um bom romance tendo como base a família. Kelly foi muito feliz ao escrever o livro. Finalizo aqui minha opinião, esperando que possa gerar muitas outras opiniões sobre este livro 5 estrelas

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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Resenha: Barbolandia: A Fuga do Herdeiro - Bruno Melo


Sinopse: Amizade, aventura e desafio. Estes são alguns dos temas que permeiam “A Fuga do Herdeiro”, primeiro livro da Barbohouse. Do escritor Bruno Melo, o livro conta a história de como a ilha de Barbolandia foi descoberta por cinco amigos: três piratas loucos por aventura, um mordomo sábio e justo e o herdeiro de uma das maiores fortunas do mundo, mas que despreza a família e a riqueza. Filho de uma das famílias mais ricas e respeitadas da Terra, a Dinastia Day, Ryan percebe que aquele mundo não é seu. “Ele se recusa a seguir as regras da família”, explica Bruno. Tanta rebeldia leva o garoto a abandonar a mansão dos Day e a viver uma longa e perigosa aventura. “Para ele, o único jeito para não ter de assumir o lugar do pai e se tornar parte daquele mundo mesquinho e supérfluo era fugindo”, conta. Durante a viagem, Ryan perde todos os seus bens – algumas poucas roupas, biscoitos e o dinheiro guardado de suas mesadas -, tem de enfrentar bandidos e um enorme tornado, que ameaça lhe tirar a vida. “Apesar de tudo isto, ele encontra aqueles que serão seus melhores amigos para a vida toda”, revela Bruno. O final desta história você pode conferir em “A Fuga do Herdeiro”. 

Faço uso das palavras de Bruno para abrir essa resenha: ''Para um livro ser bom não precisa ser extenso ou curto, e sim precisa ser interessante.'' 




Logo no comecinho do livro, recebemos um convite para conhecer Barbolandia, vindo diretamente da Dinastia Day. Cheios de influência e poder, é assim que conhecemos a família de Ryan e o que virá a um dia ser sua herança. É em uma ilha luxuosa, que acontecem coisas impressionantes que começamos nossa jornada.

Mas não é nesse mundo de arrogância, riqueza e influência que Ryan quer passar o resto de sua vida. E muito menos amargurado e sozinho. Ele aprendeu que não tem muito poder, pois desde a infância foi manipulado a agir como um robô na presença de pessoas importantes e mal teve uma infância digna para chamar de infância. Dinheiro, conforto e luxo não faltava para o herdeiro. Porém, a liberdade e o direito de escolha até em coisas simples como o modo de sentar ou comer, estava em falta na Dinastia Day.

É ai que Ryan decide fugir. Fugir do que responsabilidades futuras podem acarretar. Ryan só queria viver algumas aventuras por ai, conhecer pessoas divertidas e parar de agir como um robô ou uma marionete na frente dos outros.

Com tudo planejado para a fuga, ela acontece. Ryan sai por um mundo desconhecido. Um mundo que não pertencia aos limites dos portões luxuosos que cercavam sua recém antiga casa. Ele encontra a pobreza e a pobreza lhe encontra. É fugindo dela que o rapaz entra em um bote (uma espécie de bote salva vidas, desses que encontramos em navios ou barcos) e adormece. Quando Ryan acorda, ele encontra três piratas de aparência bastante peculiar, prontos para mostrar o mundo que a família de Ryan tinha escondido.

''Felizmente as pessoas estavam mais preocupadas em fazer uma boa barganha do que se interessarem por alguém que estava perdido. Aliás, perdido não. Ryan sabia que nem isso ele estava, pois estar perdido significava que havia um destino final a se chegar. Nesse momento, a verdade era que ele não tinha lugar algum a ir. Logo, não estava perdido - estava sem rumo.'' Pág. 44

É com uma narrativa leve que Bruno nos conduz durante a leitura, nos mostrando personagens e situações bem engraçadas. Neste primeiro volume, encontramos a apresentação de alguns personagens e o começo de algo grandioso. Bruno é um autor que promete muita coisa boa e o final desse volume ''Barbolandia: A Fuga do Herdeiro'', nos deixa curioso com o que estar por vir! Está previsto para o segundo semestre do ano, então é só aguardar!
Falando na edição, o livro foi publicado pela BARBOhouse, editora criada pelo próprio autor para a publicação dos livros da série e a diagramação está muito bonita, recheada de ilustrações feitas por Rhodrigo Maia. Quem curte uma leitura leve e com muita aventura vai adorar Barbolandia. Recomendo! estrelas.

Compre: Barbohouse 
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Clique na imagem acima e conheça o site Barbohouse. 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Resenha: O Nascer do Sol - Fábio Graciano


Sinopse: Franklin Martin Gregório vive no Malauí, país decadente e refém de um dos males mais castigante da nova era: a Aids. Garoto superdotado, se torna um adepto dos estudos medicinais. Por intermédio da amizade de seu pai, Johnson Gregório, com o então Cônsul Britânico Sr. Franklin Martin Rodhes, as possibilidades que se abrem para a vida deste simples garoto são incríveis. No entanto, sua ascensão é interrompida pela perda de seu pai, e Franklin inicia sua busca por respostas e luta contra vários obstáculos para encontrar a cura para mudar a situação não só de seu país, mas de todo o seu continente. Nenhum cientista conseguiu tal feito, veremos o que esse simples jovem africano é capaz.

Para conquistar o que sonhas, só é preciso querer! 

Em um dia comum para a parte pobre de Malauí, Johnson Gregório vai à feira para garantir o sustento e o máximo conforto que pode oferecer para sua família. É nessa viagem que sr. Gregório é atropelado pelo Cônsul Britânico Franklin Rodhes e este lhe oferece ajuda. É aí que nasce uma grande amizade! 

Franklin sentindo-se culpado por ter atropelado acidentalmente um trabalhador de um lugar tão pobre, resolve descobrir mais sobre a vida de Johnson para tentar ajudar a vida de uma pessoa tão humilde e simpática. Franklin descobre que Johnson vive de maneira muito pobre, mal podendo sustentar sua esposa e seu filho recém nascido e enquanto o amigo se recupera no hospital, o Cônsul dá toda a assistência para a família. 

Nasce ali um vínculo muito forte entre os dois e Franklin decide fazer de tudo para mudar a vida daquela família tão boa e tentar conseguir um futuro digno para o filho de Johnson e Emma que por admirar e como forma de agradecimento, batizam o filho de Franklin Gregório. Franklin Rhodes não poderia ficar mais feliz. 

Pequeno Franklin cresce rodeado de amor, saúde e começa a estudar em casa. Sua professora logo percebe que a criança é super dotada e sugere que o garoto frequente uma escola para crianças com um nível de inteligência superior. Pequeno Franklin mostra que é dono de uma sabedoria diferenciada e avança nas turmas sendo sempre o garoto mais novo e mais inteligente das salas de aula que frequenta. 

Acontece que como sabemos, infelizmente a África é um continente onde a AIDS é bastante comum e por consequência, os pais do pequeno Franklin - Emma e Johnson - são portadores da DST, e por ser uma doença ainda sem cura e degenerativa, Franklin começa a entender que está perdendo seus pais para a doença e acha isso bastante revoltante. A partir daí, o pequeno gênio começa a traçar um futuro para si onde pretende encontrar a cura para a AIDS e ajudar tanto a seus pais como todo o continente africano. Sempre incentivado e apoiado por sua família e principalmente pelo cônsul, o garota começa em uma jornada dura e árdua. 

''[...] Muitas vezes era difícil caminhar entre as pessoas, e ele podia ver em muitos rostos o preconceito instalado em cada um. Misturava-se ao sentimento de novidade, euforia, com receio do preconceito e possível retaliação. 
[...] - É por você que estou aqui, pai. Muito obrigado por tudo o que o senhor me ensinou.'' Pág. 157

Fábio Graciano criou uma obra bastante tocante. O livro é bastante triste, com muitas perdas e o autor soube dosar isso de maneira natural. As tragédias e conquistas da vida de Franklin, informações sobre as doenças e a péssima qualidade de vida dos habitantes de Malauí, e ainda nos apresenta informações sobre medicina. Numa estória de superação, Fábio marca muito bem seu início no mundo literário. Mais do que recomendado! 5 estrelas

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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Resenha: Rio 2054 - Os Filhos da Revolução - Jorge Lourenço

 

Sinopse: Rio de Janeiro, 2054. Três décadas após uma guerra civil que começou com a disputa pelos royalties do petróleo, a cidade se vê alvo de uma nova ameaça. Um velho jogo de intrigas e espionagem industrial entre as multinacionais que controlam a cidade ganha novos contornos quando uma perigosa jovem com poderes psíquicos surge nos guetos. Alheio a tudo isso, Miguel é um jovem sem grandes pretensões. Morador de uma região abandonada no pós-guerra, ele sobrevive catando restos de tecnologia e tem uma vida despreocupada. Sem saber o que o destino lhe reserva, ele é convidado para assistir a um duelo de motoqueiros e acaba se tornando o pivô de uma disputa que pode mudar o Rio para sempre. Num lugar onde o bem e mal se confundem, Miguel terá que desvendar os segredos de uma misteriosa inteligência artificial e, para proteger aqueles que ama, bater de frente com as poucas pessoas dispostas a salvar o que resta do Rio de Janeiro. Sem saber que lado escolher, caberá a ele decidir o futuro de uma cidade partida pela ganância.

Uma distopia que nos faz questionar o quão fácil podemos ser alienados e adicionados em um mundo distópico.  

''Rio 2054'' nos apresenta um Rio de Janeiro futurístico onde as diferenças sociais não só delimitam o quanto você pode gastar, quanto também onde você mora, com quem você anda, o quanto você trabalha, o que você come... mas espera, já não vivemos assim? a resposta seria sim, mas Jorge Lourenço vai além e nos apresenta os escombros que a Cidade Maravilhosa se tornou após uma guerra civil.

Temos Rio Alfa ou ''Luzes'' onde mora a parte rica e empresarial do que sobrou do Rio de Janeiro, moradia segura, confortável e limpa.Temos também a ''Escombros'' onde é ambientada a infância e a vida atual dos personagens principais. Escombros é exatamente o que o nome faz parecer, um lugar com uma vigilância 24 horas... um verdadeiro gueto. Conhecemos Miguel, que vive tranquilamente apesar de sempre enfrentar dificuldades para sobreviver. Após um torneio com motos (maneira que as pessoas da ''Escombros'' encontraram para ganhar dinheiro, desafiando outras partes ou outras gangues) quando seus amigos ficam feridos por uma jovem com poderes psíquicos aparece com sua gangue no gueto e alguns vingativos voltam para tirar satisfação, Miguel se vê impotente para defender os amigos e algo bastante incomum e que vai mudar a vida de Miguel para sempre acontece. A partir dai, Miguel encontra dilemas e difíceis decisões a serem tomadas são expostas.

''Ele balançou a cabeça e deixou escapar um sorriso quase provocativo em resposta. Não gostava daquele leniente da ex namorada com a própria vida. Afogada em drogas e num cotidiano caótico, ela estava maks longe de realizar seus sonhos do que em qualquer momento de sua existência.
- A vida não acerta nada, Nina. É a gente que aprende a lidar com a decepção.'' Pág. 33

A distopia é  realmente aprofundada no livro. As diferenças sociais são palpáveis e a parte da população que sofre por ficar a mercê do ''governo'' aceitando ordens, má qualidade de vida e ataques prevencionistas constantes parece muito verídica. O livro não foge ao conceito das ficções científicas: vemos uma tecnologia avançada e poderes psíquicos também são adicionados a narrativa. Gostei muito do livro. Ele cumpre o que promete se tratando de adicionar um ambiente distópico em um país como o Brasil que guerras em âmbito nacional não são constantes. O autor consegue convencer, e confesso que o que achei o ponto alto da obra foi a maneira que ele constrói o ambiente onde os personagens estão inseridos, fazendo com que o enredo e os acontecimentos nas vidas das personagens ficassem em segundo plano. Um livro bom para os fãs de ficção científica ou distopia. 3 estrelas!


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Confira o book trailer:

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Resenha: Para Sempre Ana - Sergio Carmach


Sinopse: Na mística Três Luzes, o leitor percorre inicialmente três momentos afastados no tempo, onde três homens, de três gerações da família Rigotti, experimentam situações-limite pela influência de uma mesma mulher: Ana. A partir daí, a narrativa o leva a uma instigante viagem, nem sempre linear, entre meados do século XX e o início do XXI, na qual os dramas, o passado, o verdadeiro caráter e os segredos de cada personagem são pouco a pouco desnudados. A trama é conduzida pela busca de Ana e pela busca por Ana, forasteira misteriosa que abala os triluzianos e cuja trajetória se funde à dos demais em uma história carregada de luzes e sombras. A busca de Ana arrebata as emoções; a busca por Ana arrebata os sentidos. E ambas surpreendem. Sempre que tudo parece esclarecido, detalhes antes considerados sem importância provocam uma reviravolta geral na história. Até o último capítulo. Descubra se os mais atordoantes segredos de Três Luzes estão mesmo nos céus ou no fundo da alma de seus moradores.
A busca pela verdade nunca foi tão interessante e intrigante!  

Em um livro recheado de descobertas, ciumes, relacionamentos familiares, tristeza e com um tom sobrenatural é que Sérgio nos apresenta personagens tão diferentes que nos fazem ficar envolvidos em todo o enredo. O livro é divido em partes, que por mais que tenham um foco diferente, são interligadas por algo. É difícil você não se perguntar: até onde iríamos para conseguir o que queremos?

Conhecemos Ana que digamos ser a peça chave do livro. Confesso que durante a leitura mudei minha opinião sobre ela umas 20 vezes. Não sabemos se ela é a mocinha ou vilã. Inocente ou aquela que está por trás de tudo. 

Carlos vivia de maneira bastante liberal. Tinha um relacionamento estável com Cris, até em uma festa que todos só queriam se divertir, aparece Ana jogando uma tonelada de responsabilidades nos ombros de Carlos e de sua família, e para o garoto que só queria curtir, chegou a hora de arcar com as consequências. 

Ana insiste em dizer que Carlos é pai de seu filho recém nascido, não engolindo tão fácil a conversa da garota, é exigido um teste de DNA que prove o que Ana alega. A partir daí o autor constrói um enredo onde passamos diversas gerações em busca do pai do filho de Ana. É ai que surge a pergunta x: quem é Ana? 

''Não é difícil perceber que os escravos das paixões são vitimados pelo egoísmo dos próprios desejos.''

Contada por diversos pontos de vistas em diversos períodos, Sérgio constrói uma narrativa inteligente e fluente. Vi realmente personagens bastante humanos no livro. Humanos que se apaixonam, que sentem ciúmes, que agem antes de pensar, que são egoístas, que acham que o mundo gira ao seu redor. 

O livro tem como cenário o vilarejo de Três Luzes, que desde sempre acontecem coisas (ou dizem acontecer) estranhas e perturbadoras. Aparecimentos de Óvnis e coisas do tipo. Afinal, o ambiente influencia a personagem? É possível o ambiente mudar nossa maneira de pensar? 

A vida da família Rigotti dá uma guinada e o autor consegue nos fazer pensar em como nossa vida pode mudar somente pela modificação de alguns detalhes... sempre pensei isso, e confesso que demorei mais para ler o livro porque os relacionamentos existentes nos faz tirar os olhos do papel e olhar para o espelho. Até onde vamos quando temos um mantra? Creio que para conseguir o que queremos, podemos fazer o impossível ser possível. Isso é muitas vezes perigoso, certo? 

''Aprendi desde cedo como é triste o destino dos escravos das paixões. Em meu passado, eu os vi causar sucessivas tragédias.''

Fico sempre muito feliz quando encontro um livro nacional de tal magnitude. Não falo isso por o livro ter uma estória bem construída e por ser cheio de reviravoltas. Falo isso pelo modo como percebemos que foi construído. Não sei se conseguirei em algum momento deste comentário mostrar o quanto minha visão sobre a análise de pessoas mudou durante e após a leitura do livro. E acho que por isso considero um livro tão bom. É um texto fácil de ser lido, fluente. Não encontrei erros durante a narrativa, mas por estar tão conectado aos personagens creio que eles poderiam me passar facilmente despercebidos. O livro atravessa décadas e só chegamos ao seu fim no ano de 2011. Ficou curioso? Então não perca tempo e encare Ana neste 5 estrelas.

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terça-feira, 4 de junho de 2013

[Lançamento] Estou de Olho em Você - Carminha Morais


Sinopse: Impressionante como a vida do ser humano perde o valor quando se está subjugada as vontades de pessoas inescrupulosas. Andréia é uma dona de casa, esposa, mãe, recebe um telefonema de bandidos, mandando que ela deposite certa quantia numa conta e a partir desse momento a sua vida se torna um inferno. Quantas vezes nós já ouvimos falar sobre isso? Devemos ficar atentos, pois pode acontecer com qualquer um.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Resenha: O Hospedeiro - Juliana Walker


Sinopse: Em uma pequena vila cercada por uma floresta, que traz maldições jamais imaginadas... O mal será invocado! Ele está prestes a invadir definitivamente a terra e para que isso aconteça precisa de um corpo puro e santo. Luke, o missionário, foi escolhido e sua luta para descobrir que existe algo mais entre o céu e terra o coloca em contato com um mundo novo. Um mundo cheio de criaturas maléficas jamais imaginadas, onde nem tudo que parece verdadeiro realmente é.
Luke tem sua fé testada e se apaixona por uma Maya, Sila, um ser maligno da floresta. Lutando contra seus sentimentos e tendo diante de seus olhos tudo aquilo que nunca julgou existir, Luke não teme os demônios pois sabe muito bem lidar com eles. 

Um livro que prova que o amor pode nascer em momentos ou situações inusitadas!  

Luke é um sacerdote que tem como mantra e missão, fazer os outros felizes espalhando o bem através da religião pelo mundo. Seu trabalho também é ajudar a exorcizar demônios e livrar a terra de tais seres asquerosos. 

Sua vida é transformada quando Luke e outros sacerdotes são convocados para tirar os males de um determinado lugar. É nesse lugar em meio a uma matança que Luke conhece Sila, uma Maha que são seres amaldiçoados e invocados para fazer o mal. 


Quando os olhares de Sila e Luke se encontram, Luke não sabe definir porque achar um ser do mal e que deveria transmitir um sentimento de asquerosidade lhe parece ser tão puro e sincero. 

Começa então um confronto e uma luta custando a vida de vários seres de uma floreste sombria. Bruxas, magos, fadas, feiticeiros, demônios, deuses envolvidos em uma disputa que pode custar a vida no planeta. 

''- E o que o senhor acha que tem na floresta?
- Não acho, eu sei, sãs as Silas, uma espécie de demônio mulher, os demônios da floresta. São terríveis. Nunca vi, mas conheço a história. 
Aquilo não convenceu Luke, pois o sacerdote falava de seres que ele nunca vira, falou de coisas que eram história, somente história. 
Devia ser alguma outra coisa.'' Pág. 19. 

Juliana cria seres que se preocupam uns com os outros e com a natureza. Cria também seres falsos que não medem esforços para praticar o mal em busca de algo maior. Um livro que fala do ceticismo e da alienação causada pelas religiões. Um livro que prega o amor ao próximo. Um livro que nos mostra a importância da natura. Um livro que mostra que sentimentos verdadeiros surgem onde menos esperamos encontrar. Recomendo! 3 estrelas.

 

Compre: Livraria Saraiva (Com um preço especial, por tempo limitado!)
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Confira a entrevista com a autora e a resenha de ''Finitus'' clicando aqui

sábado, 1 de junho de 2013

Sorteio Exemplares de ''Névoa'' - 4 Exemplares, 4 Ganhadores! ENCERRADO!

CONFIRA ABAIXO O RESULTADO DO SORTEIO! Enviarei e-mail para os sorteados solicitando endereço completo! Obrigado a todos que participaram!

Olá! Em parceria com os autores Felipe T. S, Gabriella Lara Silva, Mateus Mourão e Giulia Alzuguir, iremos sortear 4 exemplares de ''Névoa - Contos sobrenaturais, de suspense e de terror'' (resenha aqui) para 4 ganhadores! Para participar é muito fácil! Basta seguir o blog via GFC (na barra lateral) e comentar neste post com NOME + EMAIL! Boa Sorte:

 


Regras obrigatórias:
- Ter endereço de entrega no Brasil
- Seguir o blog pelo Google Friend Connect. (Barra Lateral >)
- Comentar neste post com NOME + EMAIL.
- Responder o e-mail, caso ganhe, em até 72 horas.
(Resultado será divulgado no dia do sorteio: dia 28/06) 

BOA SORTE!